quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Lei x Diploma


O ato de comunicar é tão antigo quanto a própria humanidade. Desde o tempo da pré-história, os grupos sentiam a necessidade de interagir com outros grupos, e nada melhor do que a comunicação, seja ela por desenhos, ruídos, ou gestos para facilitar essa aproximação.
Com o passar dos anos, essas técnicas foram aperfeiçoando-se até a chegada da escrita. O alfabeto, mesmo sendo muito diferente do que conhecemos hoje, ajudou na propagação desse ato tão necessário.
Sabemos que a mídia, seja ela por meio de rádio, televisão, jornal ou internet, tem um poder incrível sobre seus espectadores. Ela pode manipular, persuadir e levar o público a crer em fatos altamente duvidosos. Existe, por trás de todo esse jogo de palavras e acontecimentos, uma pessoa responsável por coletar , redigir, editar e publicar informações para que possam chegar ao conhecimento do povo. À esse profissional damos o nome de jornalista.
Para ser um bom jornalista, não basta gostar do que faz. É claro que essa questão também é muito importante, mas é necessário acima de tudo, ter um faro jornalístico e principalmente, ter uma formação acadêmica, uma base teórica dos processos que o profissional terá que enfrentar durante sua carreira. Atualmente há várias universidades públicas e privadas que oferecem cursos de comunicação social com habilitação em jornalismo, que dá ao acadêmico concluinte, através de um diploma, o direito de atuar em qualquer meio de comunicação, como repórter, redator, editor, ou até mesmo dono de sua própria empresa nesse ramo. Até então, era indiscutível a necessidade de uma formação acadêmica, ou seja, de um diploma para exercer tal função. Porém, no dia 17 de Junho de 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF), por 8 votos a 1, derrubou a obrigatoriedade desse diploma. Sendo assim, qualquer pessoa pode ser contratada por um meio de comunicação, para ser jornalista.
Essa decisão gerou muita polêmica, discussão e indignação por parte de inúmeras pessoas, especialmente estudantes de jornalismo, que argumentam ser em vão tantos anos de estudo e dedicação, já que uma pessoa com apenas o segundo grau, poderia disputar a mesma vaga e ocupar o mesmo lugar que pessoas que passaram muito mais tempo estudando. Dúvidas e inquietação começaram aparecer diante dessa decisão. E agora, os cursos de jornalismo vão acabar? Será que ainda haverão acadêmicos nos bancos das universidades? E quem está concluindo a curso, foi tempo perdido? E o dinheiro gasto? Durantes semanas essas foram perguntas muitos frequentes entre acadêmicos e não-acadêmicos. Até mesmo quem já está em uma boa situação na carreira, sentiu-se ameaçado pela nova lei.
Para todas as pessoas que estão com essas mesmas dúvidas, é bom refletir um pouco mais, e quem sabe, colocar-se no lugar de um grande empresário dono de um bom jornal,ou de uma emissora de televisão com credibilidade. Sendo assim, você prefere contratar para sua empresa, uma pessoa com diploma e estrutura teórica ou alguém que não faz idéia das principais questões que devem ser abordadas em uma matéria, ou que nem imagina como é o mundo do jornalismo ? Você contrataria alguém que simplesmente tem vontade de ser jornalista, mas não tem nenhuma idéia de como a mídia e os meios de comunicação funcionam?
O momento da decisão foi polêmico, mas pensando com calma pode ser bom, já que o piso salarial de um profissional com diploma vai ser ainda maior. Sem pânico. Sem raiva. Sem tumulto. Quem realmente sente vontade e gosta da profissão vai motivar-se cada vez mais a continuar. Tem espaço para todos no mercado de trabalho, basta ser bom no que faz.

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